Aprender a ser
setembro/2011 - Por Coordenadoria de Estudos da Doutrina EspíritaNesta edição, começamos a abordagem do último dos quatro pilares da educação para o novo milênio: “Aprender a ser”.
Iniciamos com um trecho do Relatório Delors:
“Aprender a ser, a fim de que se possa desenvolver a própria personalidade e estar apto a agir com autonomia, senso de responsabilidade pessoal e capacidade de julgamento cada vez maiores. Para tanto, a educação não pode desconsiderar nenhum dos aspectos do potencial humano: memória, sensatez, senso estético, capacidades físicas e habilidades de comunicação”. (Relatório Delors, disponível online no site da UNESCO).
A educação, por esta proposta, deve, portanto, levar o ser humano a desenvolver toda a sua potencialidade espiritual, amadurecendo todas as virtudes que jazem latentes em nossa personalidade.
Muito ousada a meta colocada no Relatório, que está em perfeita consonância com a compreensão espírita do ser humano e sua finalidade.
Agir com autonomia, senso de responsabilidade pessoal e capacidade de julgamento são objetivos alinhados com a premissa de progresso constante em O Livro dos Espíritos.
A autonomia, que é a capacidade de tomarmos as decisões a respeito da nossa própria vida, deve sempre vir acompanhada de sua consequência, a responsabilidade sobre as atitudes, assim como depende de um requisito, a habilidade de discernir entre o que é certo e o que é errado.
Na questão 780, item a, encontramos esta mesma estrutura de pensamento:
Como pode o progresso intelectual engendrar o progresso moral?
“Fazendo compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos.”
A compreensão do que é o bem e o que é o mal (discernimento) dá ao homem a oportunidade de escolher (autonomia) e aumenta a responsabilidade sobre os seus atos.
Observemos que a capacidade de escolher está no centro de todo o processo do progresso como lei.
Este é um processo circular, pois sofrer as consequências das nossas atitudes é, com frequência, a maneira pela qual aprendemos a discernir o certo do errado, o bem do mal.
Consciente deste processo, o coordenador de grupos de estudo da Doutrina Espírita, uma vez mais, se vê compelido a estimular os participantes a refletirem sobre suas próprias atitudes na vida, sobre a maneira como seus comportamentos afetam os demais e sobre os conhecimentos que ainda precisam adquirir.
Deste modo, fica claro que o quarto pilar da educação sintetiza e integra os três pilares anteriores (aprender a conhecer, aprender a fazer e aprender a conviver).
Passemos, então, a analisar o resumo das recomendações do relatório Delors a respeito da metodologia da educação que se assenta sobre os quatro pilares analisados, quando os autores advertem:
“Sistemas de educação formais tendem a enfatizar a aquisição de conhecimento em detrimento de outras formas de conhecimento; mas é vital que se conceba a educação de um modo mais abrangente. Esta visão deve informar e guiar as futuras reformas educacionais, assim como as políticas, tanto a respeito dos conteúdos como dos métodos”. (Relatório Delors, disponível online no site da UNESCO)
O Relatório Delors destaca, então, um empecilho ao desenvolvimento do “Aprender a Ser”: a ênfase demasiada no trabalho cognitivo de aquisição do conhecimento, especialmente a capacidade de memorização e reprodução de ideias alheias.
Devemos estar atentos a esta situação dentro dos nossos grupos de estudo. A via cognitiva (leitura e debate, especialmente) é uma das vias, mas não é a única, e possivelmente tampouco a mais importante.
No trecho anteriormente citado, vemos que, para que se aprenda a ser, além da memória, devemos apelar à sensatez, ao senso estético, ao desenvolvimento de capacidades físicas e habilidades de comunicação.
Destas, em nosso entendimento, apenas a capacidade física parece não estar naturalmente engajada aos processos de estudo dentro do Centro Espírita, do modo que acontecem hoje.
Podemos, portanto, melhorar a nossa performance por meio da incorporação de tecnologias de ensino que desenvolvam: a sensatez, como a análise e reflexão profundas, pela meditação nos grandes problemas humanos, assim como pelo mergulho na problemática específica de cada um; o senso estético, como no estímulo à apreciação do que é belo e bom, no desenvolvimento do contato com a arte, por vezes considerado acessório nos nossos trabalhos; as habilidades de comunicação, em especial a assertividade, que consiste na capacidade de o indivíduo expressar a sua opinião, sem agredir aos demais e sem abrir mão do que considera essencial, como no estímulo ao desenvolvimento de trocas interpessoais significativas, através do compartilhamento e do feedback.
Nos grupos de estudo podemos, portanto, trabalhar pelo desenvolvimento integral do ser e isso é para nós um convite perene ao aperfeiçoamento de nossas habilidades como coordenadores.
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